Receber um mandado de citação judicial nunca é uma experiência tranquila, especialmente quando envolve o fim de um casamento e a divisão dos bens construídos ao longo da vida. Mas, apesar do impacto emocional, é importante agir com calma e atenção.
Neste artigo, explicarei de forma prática, clara e objetiva o que significa ser citado em um processo de divórcio litigioso e quais são os próximos passos que você deve tomar para proteger seus direitos, principalmente quando há pedido de partilha de bens, guarda dos filhos, pensão alimentícia ou até pensão para o ex-cônjuge.
O que significa ser citado?
A citação é o ato formal pelo qual você toma conhecimento de que está sendo processado. No contexto do divórcio, isso significa que o outro cônjuge ajuizou uma ação judicial pedindo a dissolução do casamento, possivelmente acompanhada de outros pedidos, como:
- Perda da guarda fática ou convivência com a criança
- partilha de bens;
- guarda dos filhos (unilateral ou compartilhada);
- regulamentação da convivência (visitas);
- pensão alimentícia para os filhos;
- alimentos entre ex-cônjuges;
- uso do imóvel do casal, entre outros.
Essa citação pode ser feita por um oficial de justiça ou enviada por carta com aviso de recebimento (AR). Ela deve conter:
- a petição inicial do processo (ou seja, o pedido do outro cônjuge e seus argumentos);
- os documentos anexados por ele;
- o prazo que você tem para se manifestar judicialmente.
O que você NÃO deve fazer
- Ignorar a citação: deixar de responder dentro do prazo pode fazer com que o juiz julgue a causa mesmo sem sua participação (revelia), o que pode trazer consequências sérias.
- Brigar diretamente com o ex-cônjuge: o momento exige racionalidade. Evite discussões e concentre sua energia na resposta legal.
- Assinar qualquer documento ou acordo por impulso: mesmo que pareça vantajoso, é fundamental analisar com um advogado antes de assinar qualquer documento.
O que fazer após receber a citação
Leia com atenção a petição e os documentos anexos
Verifique todos os pedidos feitos: além do divórcio, há partilha de bens? Se houver filhos, pede-se guarda unilateral? Há valor de pensão sugerido? O uso do imóvel ou do automóvel está sendo discutido? Foi requerido partilha dos bens adquiridos durante a união (investimentos financeiros, bens imóveis, móveis, empresas). Faça uma leitura cuidadosa de cada ponto, mesmo que o impacto emocional seja grande.
Reúna documentos relacionados a cada ponto da ação
A depender dos pedidos feitos, será necessário juntar diferentes tipos de provas. Alguns exemplos:
- Para partilha de bens: escritura de imóveis, extratos bancários, contratos de financiamento, documentos de veículos, saldos de previdência privada, FGTS etc.
- Para guarda ou convivência com filhos: comprovantes de residência, registros de quem cuida da criança no dia a dia, conversas, comprovantes de escola ou plano de saúde.
- Para pensão alimentícia: documentos que mostrem os custos da criança ou a sua própria capacidade econômica (contracheques, IR, despesas fixas).
- Para alimentos entre ex-cônjuges: provas de dependência econômica ou dificuldades financeiras, especialmente se houver doença, idade avançada ou dedicação exclusiva à família durante o casamento.
Consulte um advogado que atua em causas de família de sua confiança
Essa é a etapa mais importante. Um profissional especializado poderá analisar cada pedido, verificar se há abusos ou omissões, e orientar sobre a melhor forma de se defender ou negociar. Ele também será o responsável por apresentar a contestação dentro do prazo.
Prepare e apresente sua resposta no prazo legal
O prazo para contestação geralmente é de 15 dias úteis após o recebimento da citação. A resposta poderá incluir:
- sua versão dos fatos;
- discordância sobre valores ou pedidos;
- proposta alternativa de partilha ou de guarda/convivência;
- apresentação de provas documentais;
- e, se possível, uma sugestão de acordo.
E se eu concordar com tudo que foi proposto?
Ainda assim é necessário procurar um advogado. Ele poderá analisar se os termos propostos são realmente equilibrados e cuidar da formalização correta da sua concordância, evitando problemas futuros.
Lembre-se: um acordo judicial mal feito pode gerar transtornos, principalmente quando envolve imóveis, dívidas ou guarda de filhos.
E se não houver bens, filhos ou pensão?
O divórcio pode ser requerido mesmo sem bens ou filhos. Nesses casos, a ação tende a ser mais simples, mas ainda assim exige resposta formal com advogado. E atenção: a ausência de bens declarados não significa que não exista direito à partilha, pois veículos ou imóveis em nome de terceiros, aplicações financeiras, saldo de FGTS ou empresas também podem entrar na divisão, se comprovados.
É por isso que cada caso deve ser analisado individualmente, com atenção ao regime de bens do casamento.
Conclusão
Receber uma citação judicial pode causar medo ou insegurança, mas é também o momento de agir com responsabilidade. A forma como você responde a esse processo pode impactar diretamente seu patrimônio e sua vida após o divórcio.
Por isso, busque orientação jurídica o quanto antes. Um advogado especializado poderá garantir que seus direitos sejam respeitados e que a partilha ocorra de forma justa.
Aviso Legal
Este artigo fornece apenas informações genéricas e não pretende ser aconselhamento jurídico e não deve ser utilizado como tal. Se você tiver alguma dúvida sobre seus assuntos jurídicos, entre em contato com o nosso escritório.